"Paráfrase: campo de criação e trabalho nos textos dos detentos" é um texto de
Odete Ferreira da CRUZ (PG-UEM) e Marilurdes ZANINI (UEM), no qual ambas as pesquisadoras discutem o processo criativo na construção da paráfrase. Dentre os autores que fundamentam a análise, está Michail Bakhtin, um de meus estudiosos preferidos. O link para o texto integral é este: http://www.ple.uem.br/3celli_anais/trabalhos/estudos_linguisticos/pfd_linguisticos/080.pdf
As autoras utilizaram um poema de Oswald de Andrade e um pequeno trecho de um de meus livros (Histórias mal-assombradas do tempo da escravidão) para o processo de criação textual.
Reproduzo aqui as citações com a respectiva criação a partir de cada uma.
"Texto A
Meus oito anos – Oswald de Andrade
Oh que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Texto B
De volta ao passado
Recordo com saudade, a minha infância
querida de meus tempo de menino
Que jamais esquecerei (...)
A praça que ficava ao lado da minha casa,
era área de lazer das crianças que ali
moravam, que por serem pobres não tinham
opção. (P.F.J.)"
De volta ao passado
Recordo com saudade, a minha infância
querida de meus tempo de menino
Que jamais esquecerei (...)
A praça que ficava ao lado da minha casa,
era área de lazer das crianças que ali
moravam, que por serem pobres não tinham
opção. (P.F.J.)"
A segunda citação:
"Texto A
O canteiro do meu avô (Adriano Messias)
Meu avô tinha cada idéia, fazer um
canteiro de flores lindas, mas escondidas
dos prováveis apreciadores.
Texto B
O jardim da minha tia
Minha tia era demais, tinha idéias
malucas e inteligentes. Era uma tia muito
diferente. Plantava lindas rosas em seu
jardim mas não deixava ninguém pegar
flor é para ficar na terra, embelezando o
mundo. (...) P.S."
As autoras propuseram, na conclusão, que a paráfrase não é um texto "copiado", desarticulado ou "dependente" da subjetividade de um Outro, mas, sim, um discurso legítimo, um novo texto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário