A carta de Cristina Warth, presidente da Libre, fala por si, no tocante ao problema das escolhas nas compras governamentais de livros.
Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2009.
Ilmo. Sr. Governador do Distrito Federal
José Roberto Arruda
Anexo do Palácio do Buriti - 11º andar, Gabinete
Praça do Buriti - CEP 70075-900 - Brasília - DF
Referência: compra de livros infantis e juvenis pela Secretaria de Educação do Distrito Federal
Prezados Senhores,
Encaminhamos essa carta em nome de 104 pequenas e médias editoras, representadas pela LIBRE – Liga Brasileira de Editoras, na tentativa de esclarecer a notícia que circulou na semana passada, de que a Secretaria de Educação do Distrito Federal comprará, para compor o acervo de suas escolas e bibliotecas, 47 títulos – 3000 (três mil exemplares de cada um), de uma única editora.Queremos crer que essa notícia não seja verdadeira, pois representaria atitude de privilégio para com uma única empresa e falha grave na gestão do recurso público, ignorando a produção de dezenas de editoras que durante todo o ano, diretamente ou via seus representantes, apresentaram livros para análise, como é de praxe nas compras de livros para formação de acervos de escolas, bibliotecas e alunos da rede pública.As compras públicas, em todas as esferas, são acompanhadas e esperadas por toda a cadeia produtiva do livro, pois é sabido que representam parcela importante do resultado das editoras e distribuidoras do país.Nos últimos anos temos acompanhado o processo cada vez maior de inclusão de um número significativo de pequenas e médias editoras nessas compras, resultado da profissionalização do setor e do aumento da diversidade e qualidade dos livros que chegam ao mercado, e também da preocupação do Estado em compor acervos que representem a produção editorial do país.Nunca é demais lembrar que é a existência das pequenas e médias editoras que garante a bibliodiversidade e a renovação cultural, pois são elas que via de regra criam oportunidades para o lançamento de novos autores e de projetos editoriais diferenciados. Várias dessas casas editoriais recebem os mais importantes prêmios literários nacionais e internacionais. Portanto, desconsiderar seus catálogos no momento de compor acervos públicos representa não só uma grave falha técnica do órgão responsável, mas também uma negligência em relação à responsabilidade do comprador no fomento da cultura nacional.Por conta disso não podemos acreditar que a compra da Secretaria de Educação do Distrito Federal opte pelo caminho do privilégio de uma única empresa, com a consequente exclusão de todo o mercado editorial, e pedimos esclarecimentos urgentes sobre essa informação.
Cordiais comprimentos,
Cristina Warth
Presidente
Com cópia para as entidades de classe e para a imprensa.
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