Somos irremediavelmente atraídos pela (des)ordem do fantástico maquínico. A pomba de Arquitas de Tarento, o rouxinol do imperador chinês, o autômato de Hugo Cabret ressoam na "incrível máquina de livros". Para ela, foi feita uma fila hoje, em seu último dia na Praça da República, aqui em São Paulo. Fui ver. A multidão dobrava a esquina. Se fosse um ser humano por trás de uma mesa, a realizar o mesmo serviço, não haveria o sucesso. O instigante é a troca ser propiciada por uma "máquina" instalada em uma van. Lida-se, assim, com o "acaso" e o "fortuito": coloca-se o livro por uma brecha, recebe-se em seguida um outro - aleatório -, após um barulhinho de engrenagens a correr. Surpresa! (agradável ou não).
Se há máquinas para tudo em nosso mundo, por que não haveria uma para
trocar livros? Não se sabe bem sobre o cerne de seus misteriosos
engenhos, mas não importa. O que vale é que pedimos, ainda, e cada vez
mais, um bocado de poesia para que o imenso deserto do real nos seja mais
ameno.
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