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13/02/2010

NO PAÍS EM QUE CRIANÇA VIRA MADRINHA DE BATERIA...


Tem uma coisa errada nisso. Claro que tem.
No início, todo mundo comentou. Agora, parece que se conformou. Até esqueceu. A mídia só faz a cobertura dos desfiles.
A gente tenta racionalizar: criança não deve ser exposta dessa forma, exercendo uma função que tradicionalmente tem relação com sensualidade e erotismo.
Ainda mais uma menina de sete anos!
Ainda mais em frente a uma escola de samba, cujo desfile será exibido para não sei quantos países!
Logo em um mundo em que a coisa mais fácil que existe é roubo e reprodução ilegal de imagens. Se fosse em outro planeta, mas no nosso a coisa anda complicada.
É, tem isso tudo.
Mas tem algo a mais errado. Algo que não foi racionalizado, que não se trouxe à consciência. Agora tento trazer.
Pensei aqui com meus botões junguianos qual seria essa coisa. E não é que está no próprio nome? É tão óbvio: muitos contos de fadas têm.
Pronto, vamos lá: criança não deve ser madrinha de nada. Ainda não é mãe (madrinha é godmother, em inglês), ainda não é mulher adulta. A responsabilidade e a visibilidade que lhe impõem são destruidoras. É como criar um teatro mundial, soltar um ser humano de sete anos no palco e dizer: agora, atue! (Jung, você faz falta como pão na cozinha psicológica de nosso povo!)
Criança, no máximo, é afilhada. Só vira outra coisa no mundo da imaginação, da leitura prazerosa. E desfile na Marquês de Sapucaí não é conto de fadas. E o que se lê na avenida é semiótico demais para olhos ingênuos.
Parece que é só diversão. Parece. Mas não é.
Uma menina madrinha abre mais senões daqui pra frente. Por exemplo: “menina rainha” (de um ritmo musical violento que hoje todo mundo defende), “menina madrasta” (sabe-se lá de quem), “menina-mãe” (e já são tantas!), “menina que é vendida no calçadão da praia”. Tantas meninas...
Queira o Deus de Jung que fique apenas como encanto e inocência a história dessa menina madrinha de bateria de uma grande escola de samba. Que ela saia ilesa, que ela saia criança dessa situação que o mundo dos adultos criou para ela. Que depois ela se debruce sobre seus livros de história e sonhe em ser uma princesa encantada e, quem sabe, invente uma roupa de papel crepom e glíter.
Apenas isso. E seja feliz.
Por enquanto – e para sempre – continuarei com Jung.

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