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17/11/2009

DISTRITO FEDERAL - COMPRA GOVERNAMENTAL DE LIVROS

A carta de Cristina Warth, presidente da Libre, fala por si, no tocante ao problema das escolhas nas compras governamentais de livros.

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2009.

Ilmo. Sr. Governador do Distrito Federal
José Roberto Arruda
Anexo do Palácio do Buriti - 11º andar, Gabinete
Praça do Buriti - CEP 70075-900 - Brasília - DF

Referência: compra de livros infantis e juvenis pela Secretaria de Educação do Distrito Federal

Prezados Senhores,

Encaminhamos essa carta em nome de 104 pequenas e médias editoras, representadas pela LIBRE – Liga Brasileira de Editoras, na tentativa de esclarecer a notícia que circulou na semana passada, de que a Secretaria de Educação do Distrito Federal comprará, para compor o acervo de suas escolas e bibliotecas, 47 títulos – 3000 (três mil exemplares de cada um), de uma única editora.Queremos crer que essa notícia não seja verdadeira, pois representaria atitude de privilégio para com uma única empresa e falha grave na gestão do recurso público, ignorando a produção de dezenas de editoras que durante todo o ano, diretamente ou via seus representantes, apresentaram livros para análise, como é de praxe nas compras de livros para formação de acervos de escolas, bibliotecas e alunos da rede pública.As compras públicas, em todas as esferas, são acompanhadas e esperadas por toda a cadeia produtiva do livro, pois é sabido que representam parcela importante do resultado das editoras e distribuidoras do país.Nos últimos anos temos acompanhado o processo cada vez maior de inclusão de um número significativo de pequenas e médias editoras nessas compras, resultado da profissionalização do setor e do aumento da diversidade e qualidade dos livros que chegam ao mercado, e também da preocupação do Estado em compor acervos que representem a produção editorial do país.Nunca é demais lembrar que é a existência das pequenas e médias editoras que garante a bibliodiversidade e a renovação cultural, pois são elas que via de regra criam oportunidades para o lançamento de novos autores e de projetos editoriais diferenciados. Várias dessas casas editoriais recebem os mais importantes prêmios literários nacionais e internacionais. Portanto, desconsiderar seus catálogos no momento de compor acervos públicos representa não só uma grave falha técnica do órgão responsável, mas também uma negligência em relação à responsabilidade do comprador no fomento da cultura nacional.Por conta disso não podemos acreditar que a compra da Secretaria de Educação do Distrito Federal opte pelo caminho do privilégio de uma única empresa, com a consequente exclusão de todo o mercado editorial, e pedimos esclarecimentos urgentes sobre essa informação.
Cordiais comprimentos,

Cristina Warth
Presidente

Com cópia para as entidades de classe e para a imprensa.

15/11/2009

CURSO PARA PROFESSORAS DE CRECHES




Ontem ministrei aqui em São Paulo um curso de Introdução à Literatura Infantil com ênfase na Primeira e Segunda Infância para professoras de três creches. O curso foi muito proveitoso e abordou diversos tópicos: origem da literatura infantil no mundo e no Brasil; literatura infantil hoje no Brasil; a criança na primeira e na segunda infância; como trabalhar com os livros com crianças até 6 anos de idade. O curso também contou com uma atividade prática no final.

10/11/2009

SAIU NO "CIÊNCIA HOJE"

Confira no site: http://cienciahoje.uol.com.br/3301

Caminho mal-assombrado Quando André se senta com a querida Vó Dorica, já sabe que histórias arrepiantes vêm por aí... Ela conta que o Caminho Velho de São Paulo, estrada que ligava o estado a Minas Gerais durante todo o século 19 e o início do século 20, era cheio de assombrações. Besta-fera, mulher-de-duas-cores, cavalo das almas e todo o tipo de fantasmas andavam por lá! E você? Tem coragem de embarcar nessa aventura com André e sua avó contadora de histórias? Histórias mal-assombradas do Caminho Velho de São Paulo. Texto de Adriano Messias. Ilustrações de Alexandre Teles. Editora Biruta. Tel.: (11) 3081-5739.

01/10/2009

"QUE BICHO ESTÁ NO VERSO?"


"Que bicho está no verso?" é um livro que trabalha com rimas no estilo "o que é, o que é?", de forma que a criança leia os versos e tente adivinhar qual é o bicho. Só então ela vira a folha para ver no verso da mesma se acertou.
Uma de minhas preocupações foi oferecer à criança versinhos poéticos, variados e com métricas agradáveis à memorização, como os redondilhos maiores.

30/09/2009

A VACA FOTÓGRAFA


Este é um livro delicado, que escrevi pensando nas crianças que nem ainda começaram a ler. Brincando com aquela fórmula cumulativa, tão conhecida há séculos, inventei uma vaca que vai fotografando todos os bichos do sítio, e termina se "avacalhando" toda...

23/09/2009

A DIFÍCIL ARTE DA TRADUÇÃO DE OBRAS LITERÁRIAS

por Ruy Barata Neto (Cultura/Adm) em 10 de Agosto de 2009 à 1:37 pm

tradução de obras literárias é uma tarefa encantadora e, ao mesmo tempo, muito arriscada. O tradutor geralmente enfrenta uma série de obstáculos no processo de transposição de um texto estrangeiro para a sua língua de chegada. É necessário grande conhecimento dos idiomas, da cultura do autor a ser traduzido e de aspectos da sua biografia. Além disso, para encontrar elementos literários que correspondam aos recursos usados pelo original, o tradutor precisa também reconhecer a sua língua materna como artefato de produção de arte. É neste sentido que grandes tradutores acabam sendo também bons escritores, verdadeiros “artistas das palavras”, como sugere o título da capa deste mês da Revista da Cultura (RC), já nas lojas e em versão online (aqui). Em cada tradução, há muito do tradutor no texto vertido. Aqui no blog, o crítico e estudioso da literatura, Alfredo Bosi, confirma isso ao destrinchar, no vídeo abaixo, a tradução de um dos maiores clássicos da literatura mundial A Divina Comédia, de Dante Alighieri, lançada pela Editora34, com tradução de Ítalo Eugênio Mauro.Depois do jump, você confere ainda trechos das entrevistas que fiz com tradutores. Ouça Boris Schnaiderman, um mais experiente dos tradutores no País e responsável por tradução direta da poesia russa para o português junto com os irmãos concretistas Augusto e Haroldo de Campos; Paulo Bezerra, responsável pela última tradução direta do russo de Irmãos Karamázov, de Dostoiévski, trabalho que recebeu prêmio APCA de melhor tradução em 2008 - Bezerra explica os problemas que se tem quando se faz a tradução de obras de Dostoiévski do francês para o português, o que era muito comum, no Brasil, até a década de 60; e, por fim, Modesto Carone, o principal tradutor de Franz Kafka para o português - Carone fala sobre peculiaridades de Kafka e da sua obra.

Veja Alfredo Bosi no vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=KuywcNIy0MU&feature=player_embedded
Reproduzido de: http://cultura.updateordie.com/?s=schnaiderman

14/09/2009

LANÇAMENTO DO DIA 13/9 NA "PRIMAVERA DOS LIVROS"

Veja mais fotos do lançamento em álbum do meu orkut.

"Antes de Colombo chegar" já começou a fazer sucesso bem antes do lançamento.




13/09/2009

LANÇAMENTOS DO DIA 12/9 NA "PRIMAVERA DOS LIVROS"


Confira o álbum de fotos deste lançamento no meu orkut.

Nesta foto, da esq. para direita, Tânia Ricci (ilustradora de "Minha tia faz doce no tacho"), eu, Marta Martins (dona da "Cuca Fresca) e Vanessa Alexandre (ilustradora de "20 histórias de bichos do Brasil").

11/09/2009

RESUMO DA DISCUSSÃO: "CONTO, HISTÓRIA CURTA QUE ARREBATA"


Resumo da discussão da mesa-redonda da “Primavera dos Livros” do dia 11 de setembro:
Adriano Messias, Ilan Brenman e Nelson de Oliveira compuseram a mesa.

- Conto na perspectiva da narrativa mítica, lendária, arquetípica.
- As histórias são atemporais, não pertencem a ninguém. São domínio de todos.
- Os contos de terror, suspense e espanto como elementos que dão sentido à vida interna da criança e do adulto.
- Violência(s): a simbólica, presente nos contos de fadas e similares x a violência crua, explícita, sem enredo.
- A preocupação com uma infância que se desintegra, se desmaterializa.
- Excesso de informações em um mundo mediatizado, hipertextualizado, trazendo uma superficialidade, uma falta de enredos.
- Narrativas modelares: os contos de fadas e os contos das Mil e Uma Noites.
- A cura pelo conto, pela narrativa.

09/09/2009

EDITORA POSITIVO LANÇA 30 OBRAS NA BIENAL DO LIVRO DE CURITIBA

Mercado editorial ganhará novos títulos do projeto de literatura infantil Zepelim

CURITIBA, 24/8/2009 – A Editora Positivo – empresa do Grupo Positivo, maior corporação educacional do país – lança 30 obras do seu projeto de literatura infantil, o Projeto Zepelim, na Bienal do Livro de Curitiba, evento que acontece de 27 de agosto a 4 de setembro na capital paranaense.Os novos títulos pertencem às sete coleções do Projeto Zepelim, as quais trabalham níveis crescentes de complexidade de leitura e acompanham o amadurecimento da criança.

Conheça as obras e os autores dos livros que compõem as coleções literárias do Projeto Zepelim: HISTÓRIA À VISTA! (Livros de Imagens) O encontro, Michele Iacocca A caixa de lápis de cor, Maurício Veneza Lá é aqui, Rogério Borges O gato e a árvore, Rogério Coelho Arapuca, Daniel Cabral Amora, Sonia Junqueira DE FIO A PAVIO (Narrativas e poemas que exploram a criatividade da linguagem literária) É muito pouco!, Márcia Leite Dia de sol na fazenda, Bia Villela Passeio no trem da poesia, Sônia Barros Caraminholas de Barrigapé, Marcos Bagno Viva voz!, Leo Cunha O que o trem tem?, Cláudio Martins Pequenos poemas para pequenos, Eduardo Rodrigues O papel roxo da maçã, Marcos Bagno Atchim?, Gláucia de Souza Casa de arrepiar, Paulo Netho Mania de bicho, Donizete Galvão Sem brincadeira!, Henrique Félix, Que bicho está no verso, Adriano Messias, A vaca fotógrafa, Adriano Messias, SIM, SIM, SALABIM! (Narrativas e poemas com ênfase no maravilhoso) A fiandeira de ouro, Sonia Junqueira O jogo das moradas pulsantes, Tadeu Pereira A viagem de retalhos, Sonia Robatto Estrelário, Maria José Silveira A menina sereia, Márcia Leite Meu cavalinho vermelho, Eduardo Langange O País do Quase, Tadeu Pereira CONFABULANDO (Fábulas contemporâneas) À procura de um emprego, Júlio Emílio Braz O quarto pato, Índigo O raposo e as luvas, Carlos Augusto Segato Pernas pro ar, Tânia Martinelli Maria-Fê, Telma Guimarães O mal do lobo mau, Cláudio Fragata A rendeira borralheira, Socorro Acioli HORA VIVA (Narrativas e poemas que abordam o cotidiano da criança e a convivência com os outros) Pequenas confissões, Georgina Martins A Terra dos Avôs, José Ricardo Moreira Natal com lua chia, chuva miúda e perfume de jasmim, Sonia Robatto Abraço apertado, Celso Sisto Como posso te amar?, Celso Sisto Viagem ao outro lado do mundo, Roniwalter Jatobá Quem quer lamber panela, Gláucia de Souza Fantasma equilibrista, Tânia Martinelli Flávia-flavia, Luiz Raul Machado PÉ ANTE PÉ (Narrativas de enigma) Meus vizinhos são um terror, Telma Guimarães Castro Andrade Quem quer um elefante branco?, Giselda Laporta Nicolelis O esconderijo secreto das coisas misteriosas, Márcia Kupstas Tem vampiro no hospital, Paulo Bentacur TEMPO-REI (Narrativas históricas) A guerra do chiclete, Miguel Sanches Neto Aqui, em Nova York... (NY, in loco), Vivina de Assis Viana Vovô é um cometa, Ricardo Filho


27 de agosto a 04 de setembro, das 09h às 21h30

04/09/2009

PRODUÇÃO TEXTUAL DE DETENTOS


"Paráfrase: campo de criação e trabalho nos textos dos detentos" é um texto de
Odete Ferreira da CRUZ (PG-UEM) e Marilurdes ZANINI (UEM), no qual ambas as pesquisadoras discutem o processo criativo na construção da paráfrase. Dentre os autores que fundamentam a análise, está Michail Bakhtin, um de meus estudiosos preferidos. O link para o texto integral é este: http://www.ple.uem.br/3celli_anais/trabalhos/estudos_linguisticos/pfd_linguisticos/080.pdf

As autoras utilizaram um poema de Oswald de Andrade e um pequeno trecho de um de meus livros (Histórias mal-assombradas do tempo da escravidão) para o processo de criação textual.

Reproduzo aqui as citações com a respectiva criação a partir de cada uma.


"Texto A
Meus oito anos – Oswald de Andrade
Oh que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais

Texto B
De volta ao passado
Recordo com saudade, a minha infância
querida de meus tempo de menino
Que jamais esquecerei (...)
A praça que ficava ao lado da minha casa,
era área de lazer das crianças que ali
moravam, que por serem pobres não tinham
opção. (P.F.J.)"


A segunda citação:


"Texto A
O canteiro do meu avô (Adriano Messias)
Meu avô tinha cada idéia, fazer um
canteiro de flores lindas, mas escondidas
dos prováveis apreciadores.


Texto B
O jardim da minha tia
Minha tia era demais, tinha idéias
malucas e inteligentes. Era uma tia muito
diferente. Plantava lindas rosas em seu
jardim mas não deixava ninguém pegar
flor é para ficar na terra, embelezando o
mundo. (...) P.S."


As autoras propuseram, na conclusão, que a paráfrase não é um texto "copiado", desarticulado ou "dependente" da subjetividade de um Outro, mas, sim, um discurso legítimo, um novo texto.

31/08/2009

ONDE EU ESTAREI NA "PRIMAVERA DOS LIVROS 2009"



Aos amigos e leitores que quiserem me encontrar, estarei em três momentos na "Primavera dos Livros 2009":

Sexta. 11 de setembro
13h30-14h50 MESA 8 (Sala Jardel Filho - lotação: 300 pessoas)

Cada conto aumenta um ponto - O conto, história curta que arrebataIlan Brenman, contador de história, mestre e doutorando em Educação, escritor
Adriano Messias, escritor e tradutor, mestre em comunicação e cinema
Relato de experiência SME-PMSP




Sábado, 12 de setembro
16h30 - 18h

Lançamento pela Editora Cuca Fresca:
20 Histórias de Bichos do Brasil,
Minha Tia Faz Doce no Tacho

Domingo, 13 de setembro
13h - 14h30

Lançamento pela Alis Editora:
Antes de Colombo Chegar - Antes de la llegada de Colón

De 10 a 13 de setembro de 2009 das 10h00 às 22h00 Centro Cultural São Paulo (descer no Metrô Vergueiro) Primavera dos livros: pela liberdade de ler o mundo!

PROGRAMAÇÃO "PRIMAVERA DOS LIVROS 2009"



A 14ª edição da Primavera dos Livros, uma realização da Libre-Liga Brasileira de Editoras, apresenta ao público, de 10 a 13 de setembro, cerca de 7 mil títulos a preços acessíveis, com descontos de 10% a 40%. A entrada é gratuita. E o tema do evento em São Paulo, em 2009, são as diferentes formas de ler o mundo -- a literatura em todos os seus gêneros. Em um espaço de 700 m², no Centro Cultural São Paulo, estarão presentes editores e autores, intelectuais e outros atores da cadeia produtiva do livro, numa intensa programação cultural para adultos e crianças, que inclui mesas-redondas, oficinas e lançamentos.

Para conhecer toda a programação, acesse o site:

http://www.libre.org.br/primavera_livros.asp?Secao=3 para programação adulta

e

http://www.libre.org.br/primavera_infantil.asp para programação infantil

21/08/2009

SAIU NO BLOG DO COSME

Publicado no blog do Cosme, um dos agentes de leitura de Itapiúna, Ceará (http://blogcosme.blogspot.com/):


UM ÓTIMO ESCRITOR!
" -o roubo das melancias,- o diabo na garrafa-, e muitas outras histórias fascinantes estão no livro HISTÓRIAS MAL-ASSOMBRADAS EM VOLTA DO FOGÃO DE LENHA de Adriano Messias. Trabalhei com esse livro e com outro da coleção, HISTÓRIAS MAL-ASSOMBRADAS DO TEMPO DA ESCRAVIDÃO, esses livros fizeram um sucesso danado e pra falar a verdade eu até decorei algumas histórias, de tanto que li para crianças, adultos e muitos, muitos idosos... Um abraço Adriano Messias e Obrigado em nome de muitas famílias leitoras e "ouvidoras" de suas histórias."

17/08/2009

"HISTÓRIAS MAL-ASSOMBRADAS...", VOL. 1, ENTRE OS 10 MAIS



Há três anos visitei um projeto no Ceará e, até hoje, um de meus livros está entre os 10 mais lidos pelos leitores que vão se formando pela iniciativa de agentes de leitura.
Estes agentes levam livros, histórias e despertam o gosto pela leitura em muita gente que, até então, achava que um livro era um objeto distante do dia-a-dia.
O relatório que copiei saiu no site dos Agentes de Leitura de Itapiúna:(http://74.125.47.132/search?q=cache:0NyHlKd4fPIJ:agentesdeleituradeitapiuna.blogspot.com/2009_07_01_archive.html+%22adriano+messias%22&cd=438&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br)

22/07/2009

"ANTES DE COLOMBO CHEGAR" NA CAVALGADA DO CENTENÁRIO


Desde que se comemorou o centenário do arquiteto Oscar Niemeyer, tem-se realizado anualmente uma cavalgada, evento idealizado pelo seu neto Carlos Oscar Niemeyer, 44. Este ano, foi a Cavalgada Cultural Brasília 50 Anos. A cavalgada saiu de Niterói, passando por diversas cidades, até chegar a Brasília. A cada cidade, centenas de livros são doados às bibliotecas, dentre eles Antes de Colombo chegar. Na foto, Beth (Elizabeth Christina de Souza Campos), da Alis Editora, ao lado de Carlos Niemeyer.

12/07/2009

SOS: O QUE FAZER COM A POESIA NA SALA DE AULA ?



Texto de minha autoria no qual trago algumas reflexões e dicas sobre o uso do texto poético por professores do ensino fundamental.
Grato à amiga Sueli Bortolin, que divulga meu trabalho em suas contações de histórias.
Link original da publicação: http://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=448

O desafio da poesia - Esta é uma pergunta que muitos professores já devem ter feito a si mesmos, afinal, trabalhar poesia na sala de aula pode ser um grande desafio. Tão grande, que chega a assustar e desanimar algumas vezes. Não que haja uma delimitação muito clara do que chamamos de poesia ou prosa em literatura: muitos são os textos que se enquadram na deliciosa posição limítrofe da prosa poética. Porém, de uma forma mais intuitiva do que teórica, sabe-se muito bem que a poesia, quase sempre, é uma expressão literária muito próxima à musicalidade, à sinestesia e ao lúdico e, por trazer tantas vezes um texto curto, que apela à abstração, fica difícil “ensiná-la” aos alunos. Creio que aí está um problema inicial. Poesia não é para se ensinar nada em princípio, como qualquer elemento artístico. Foi pensando nas dificuldades que os professores enfrentam com textos poéticos que resolvi escrever este artigo.

O que lhe disseram ser poesia? - Muitos professores, quando se deparam com um texto ou um livro totalmente poético, encontram os fantasmas de sempre: “o livro é lido por mim e pelos meus alunos mas... e depois? Por quais duras penas passarei e por quanto tempo deverei e conseguirei trabalhar o livro de poesias com meus alunos?”

Retrocedendo em nosso processo educacional pessoal, confrontamo-nos com uma pergunta elementar: “eu gosto ou não de poesia?” Se gosto, um ponto positivo. Se não, fica realmente difícil fazer qualquer coisa com ela. Uma segunda pergunta seria: “o que entendo ou me fizeram entender por poesia?” Se você ainda crê que a poesia é uma forma textual que traz tudo rimadinho, dividido em estrofes e versos, pode vir a encontrar problemas ao se deparar com um poema em versos livres e brancos (1). Concordo que, na formação do professor do ensino fundamental e médio, ainda há lacunas que devem ser preenchidas: uma delas é a da abrangência e da compreensão dos gêneros e estilos literários, da profusão de autores e textos, tudo isso tendo de casar muito bem com o programa a ser cumprido, com as horas de trabalho, com a relação muitas vezes conturbada entre aluno e professor.

Assim, é muito comum um professor, entre escolher um texto em poesia ou em prosa, preferir o segundo. É algo aparentemente mais fácil, pois um conto pode apresentar a estrutura clássica que os gregos nos legaram: início, meio, fim... e ponto final. A poesia também pode fazê-lo, porém, ela pode prescindir de pontuação, a leitura pode parecer quebrada, truncada, confusa, e o aluno pode não entendê-la. Ou então o próprio professor pode se sentir inseguro com um texto deste tipo. Há tempos que os textos em prosa, em poesia e em prosa poética não estão muito preocupados com estas questões estruturais mais “clássicas”. Por isso, o entendimento de um texto poético como sendo mais “abstrato” ou mais “difícil” do que um texto em prosa é puro preconceito. Há que se ter mais intimidade com o fazer poético.

A partir destas abordagens iniciais, sinto-me à vontade para fazer algumas considerações que podem ajudar no trabalho do professor.

Quais noções de poesia você usa com seus alunos? - Primeiramente: poucas pessoas sabem que a estrutura brasileira de se adotar um livro didático exclusivo e único em um disciplina (neste caso, a de Língua Portuguesa ou seu equivalente) não é regra geral em outros países. Há projetos pedagógicos em outros lugares que vão preferir mais de um livro didático para uma determinada disciplina, ou então livro algum. É que a relação entre professor – aluno e livros é diferente da nossa, dependendo da cultura e da história da educação. Porém, este não é o objeto de nossa discussão. Mencionamos este dado para pensarmos qual noção de poesia e quais exemplos de textos poéticos os livros didáticos que usamos com nossos alunos nos oferecem. É muito comum o professor e, por conseguinte, o aluno, ficarem acostumados com a ideia de poesia que é oferecida pelos livros didáticos. Não que tais modelos e exemplos não sejam corretos ou bons, mas temos de nos lembrar que o livro didático presta-se aos seus objetivos pedagógicos e, assim, pede uma economia de tempo e de espaço, sem poder usar de todos os recursos que gostaria. Basta você se lembrar de seu contato com a poesia quando criança. É muito comum as gerações dos professores que hoje têm 25, 35, 45 anos ou mais terem passado por experiências de leitura em que os livros didáticos de língua portuguesa traziam poesias com finalidades específicas: ensinar um tema, tratar de uma data comemorativa, mostrar a presença das rimas e até mesmo alguma questão sintática, ou simplesmente “equilibrar” o predomínio quase absoluto dos textos em prosa – contos, crônicas, cartas, etc. Desta maneira, sem que percebemos, vamos repetindo essas mesmas fórmulas já cansadas, sem cumprirmos o papel que creio ser o de todo professor: abrir caminhos e mostrar possibilidades.

Quando a poesia servia para moralizar - Chamo também a sua atenção aqui, professor, para que não se sinta culpado por nada disso que tenha vivido: a forma como o Brasil se abriu pouco a pouco para o que chamamos de literatura infanto-juvenil se deu de forma muito lenta e tímida. Os primeiros textos escritos para crianças, no final do século XIX e início do XX, tinham a finalidade de moralizar, ensinar os bons costumes e valorizar a pátria, a língua e o povo. Eram muito presentes as poesias que ilustravam alguma data comemorativa, como Dia da Bandeira ou Independência, e que faziam parte dos repertórios de declamações nos eventos escolares. Foram muitas as gerações de alunos que aprenderam poesia como as que estavam impressas nos livros de autores bem intencionados, como a senhora Júlia Lopes de Almeida. Imagine um menino de nove anos, nas primeiras décadas do século passado, lendo um poema com estrofes assim:

“O que é bom produz bondade
E que é que produz a guerra
Da pátria e da humanidade
O homem desterra.” (2)

Ou então, aquele poema famoso de Olavo Bilac em versos dodecassílabos, que começa desta forma:

“Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! Não verás nenhum país como este!” (3)

Quebrar um paradigma tão consolidado é difícil, mas não impossível. É por isso que gostaria de discutir alguns elementos que podem ser pensados e adotados por você, professor. Um deles é: a poesia não precisa ser usada como elemento didático, como pretexto para se ensinar, por exemplo, regras gramaticais. É muito comum o uso que os professores fazem da poesia como um recurso meramente instrumental. O processo do “ensino” de uma poesia muitas vezes adota “passos” como: a leitura em voz baixa, a leitura em voz alta - coletivamente ou não -, a “interpretação” do texto – quando o professor acha isso possível – com perguntas óbvias e questionários para serem respondidos, prosseguindo com a cópia do poema ou a memorização do mesmo, ou alguma outra atividade relacionada a ele: criar um novo poema, contar os versos e especificar as estrofes, discutir rapidamente a presença das rimas ou não. Há ainda os professores que se preocupam com o ensino da contagem métrica e terminam por enfatizar em excesso esta característica.

Por meio de atividades assim, é muito fácil o professor ser “enganado” pelos alunos, que terão dentro de si – desde então – as sementes do ódio à poesia pela forma como aprenderam a se relacionar com ela.

Pessoalmente, penso que levar poesia para a sala de aula e, o mais importante, para a vida do aluno, pode prescindir de tudo isso que relatei. É preciso um “esvaziar” das antigas técnicas e procedimentos para se permitir o contato com um novo paradigma: o da poesia e prazer.

Sem medo de errar - A poesia, como qualquer texto literário e, em maior extensão, qualquer objeto simbólico com valor artístico e capaz de sensibilizar, pode nos permitir um mergulho sem fim e múltiplo, uma descoberta atrás da outra e, com isso, um gozo e um eterno brincar com as palavras, sons e sentidos. Este mergulho se dá ao sentir a poesia, pensar a poesia, discutir a poesia, brincar com a poesia, mas tudo sem as velhas angústias de acertar ou errar. O professor tem de se lembrar que, em se tratando de interpretação de texto, não há resposta certa ou errada. Um livro de poesias, ao ser lido, não tem de ser necessariamente verbalizado em toda a sua totalidade pelo aluno, como se ele fosse um anatomista tentando dissecar uma rã e denominar todas as suas partes. A poesia reside no plano do simbólico e, como tal, pode ter vários entendimentos, e é essa plurissignificação que marca o fazer poético.

Deixo aqui como sugestão um excelente momento para uma reunião de professores que quiserem entender melhor o que estou dizendo: é a exibição do filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989), em que um professor de literatura nada ortodoxo, representado por Robin Williams, tenta “abrir” a cabeça de seus alunos que estão sendo educados e “amestrados” para serem “os grandes homens do futuro”. A primeira atitude polêmica que o catedrático terá ao entrar na sala de aula é mandar os alunos abrirem um livro que se propõe a ensinar poesia e mandar que eles arranquem um prestigiado capítulo que tentava matematizar e diagramar o fazer poético para ensinar ao leitor analisar se uma poesia era boa ou ruim, se tinha qualidade ou não...

Quando você, professor, se deparar com um livro de poesia, ou simplesmente com um poema, e quiser trabalhar o mesmo com os alunos, deixe, antes de tudo que o texto fale por si mesmo. Observe as reações dos alunos, o impacto que as palavras e os sentidos das frases causam na classe, antes de se proteger com perguntas que deveriam ser respondidas para preencher os “espaços” da sua angústia. A poesia, assim, terá uma proximidade mais natural com a criança ou o adolescente que está descobrindo o mundo. E esse descobrir tem de ser o mais tranquilo possível, sem cobranças e sem passar ideias de que poesia é x ou y. O aluno consegue, com sua própria capacidade, ir norteando a si mesmo, mostrando seus achados e estabelecendo suas dúvidas ou conclusões.

Uma sugestão - Mais do que propor um texto poético em comum, entretanto, acho mais produtivo e mais fértil simplesmente expor os alunos aos livros de poesia. É uma excelente alternativa levá-los à biblioteca da escola ou trazer para a sala de aula ou para a sala de leitura alguns livros de poesia e pedir que os folheiem, leiam algumas delas (não precisam ler o livro todo, nem ler do início para o fim). Procure observar e depois perguntar o que os alunos sentiram, o que pensaram, como as palavras brincaram na cabeça e na boca de cada um. Ninguém precisa ter medo de ler “errado”, de entender “errado”. Assim, você conseguirá se perceber como responsável pela imagem que os alunos guardarão da poesia e do fazer poético, especificamente, e do processo educacional, como um todo. Tenha como exemplo o trecho deste conhecido poema de Carlos Drummond de Andrade, “O Elefante”:

“Fabrico um elefantede meus poucos recursos.Um tanto de madeiratirado a velhos móveistalvez lhe dê apoio.E o encho de algodão,de paina, de doçura.A cola vai fixarsuas orelhas pensas.A tromba se enovela,e é a parte mais felizde sua arquitetura.”

Você pode se dizer: “mas este poema pode ser difícil para alguns meus alunos”. A questão, professor, é entender que todo texto é, na verdade, um palimpsesto. Na Idade Média, não havia papel para escrever, apenas couro de animais e pergaminhos. Quem escrevia, ou melhor, quem copiava os livros importantes da humanidade eram os monges católicos. Ante a escassez de suporte para a escrita, de tempos em tempos eles tinham que, infelizmente, passar um estilete sobre a superfície escrita do couro e registrar sobre ela outro conhecimento. E assim era feito sucessivamente, até que surgiu a invenção da imprensa. Hoje, os antropólogos e arqueólogos descobrem estes documentos medievais e percebem, sob a última camada, a sombra de outros escritos, um tanto apagados. E desenvolveram uma técnica que recupera o texto anterior. Mas eis que então descobrem um texto ainda mais antigo por trás daquele, e por aí em diante. Ou seja: um palimpsesto é um texto em camadas, permitindo muitas leituras, muitos significados, diversas informações. A poesia, como texto, se comporta também assim: ela é como uma grande cebola de diversas camadas e, de acordo com a “fome”, cada camada é retirada. Ora, esta fome é justamente a capacidade que cada um tem de compreender. Há alguns que verão no poema de Drummond um poema lindo e delicado a respeito de um elefante fabricado artesanalmente, um tanto nostálgico. Outros verão a desilusão drummondiana com o mundo em que o poeta estava inserido, vislumbrando um contexto de guerras e miséria humana, em que a poesia só teria como função dar-nos uma frágil e impotente esperança. Hoje, seu aluno de nove anos lerá este poema e o compreenderá de um jeito; daqui a dez anos, poderá lê-lo de novo e cada leitura será uma nova descoberta. Assim, deixe seus alunos lerem o poema de Drummond, o pedaço que mais gostarem ou ele todo, e falarem dele, dizerem o que sentiram, ou, de repente, nada dizerem – se não quiserem ou não sentirem que devam dizer.

É lógico que muitas atividades podem surgir da leitura de um poema: uma oficina de desenho, de artesanato, um teatro de marionetes, a pesquisa da intertextualidade com outros textos ou mesmo com outras disciplinas que também tratem de elefantes (como, por exemplo, as aulas de ciências (4))... O mais importante você terá feito: não reprimir a leitura, não obrigar a leitura e não passar seus medos e paradigmas antigos para os alunos. Até porque, se estiver conseguindo fazer isso, é porque tais medos e paradigmas já estarão se transformando em novos pontos de vista.

Professor: a diversidade dos textos poéticos é muito grande. Hoje, existem livros para o leitor infantil e juvenil que trazem a poesia como matéria-prima bem trabalhada, com ilustrações de qualidade alta e diagramação excelente. Tudo para que os processos pedagógicos também sejam mais fáceis. Não tenha, portanto, receio de adotar a poesia ou um livro de poesias como atividade em sua classe: eles enriquecem, trazem imagens, musicalidade, cultura, intertextualidade. E o essencial disso tudo é que proporcionam prazer, ludismo, reflexão e socialização.

Notas:
1 - Versos brancos ou soltos são os que não têm rima. Os versos livres são os que não têm preocupação métrica, nem com rimas, nem com estrofes. São uma solução modernista para a liberdade poética.
2 - Este poema está no texto “Depois da batalha”, que faz parte do famoso “Histórias da nossa terra”, de Júlia Lopes de Almeida. Este eu tirei de uma edição do ano de 1922: a 16ª.
3 - Trata-se do “Soneto à Pátria”, em estrutura parnasiana.
4 - Lembramos aqui que poesia não é exclusividade da língua portuguesa. Qualquer disciplina pode trabalhar com poemas.


Adriano Messias - Escritor, tradutor e adaptador. Fez graduação em letras, jornalismo e concluiu mestrado em comunicação. Dentre seus livros voltados para crianças e jovens, estão: Histórias mal-assombradas em volta do fogão de lenha; Histórias mal-assombradas do tempo da escravidão, Histórias mal-assombradas de um espírito da floresta, Histórias mal-assombradas do Caminho Velho de São Paulo (Biruta), O Elefante Infante (da obra de Rudyard Kipling) (Musa), Antes de Colombo chegar/ Antes de la llegada de Colón (Alis), Minha tia faz doce no tacho (Cuca Fresca), 20 Histórias de Bichos do Brasil (Cuca Fresca), A Vaca Fotógrafa (Positivo), Que bicho está no verso? (Positivo). Estes dois últimos trabalham essencialmente com a linguagem poética. Contatos com o autor podem ser feitos pelo email: adrianoescritor@yahoo.com.br

Sobre Sueli Bortolin
Mestre em Ciências da Informação pela UNESP/ Marília - Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL - Ex-Presidente e atuaçl Secretária da ONG Mundoquelê.
Imagem do filme Sociedade dos poetas mortos

05/07/2009

"20 HISTÓRIAS DE BICHOS DO BRASIL" NA MATÉRIA "LIVROS VERDES"


Saiu no site http://verdedentro.wordpress.com/, que reproduzo abaixo:



LIVROS VERDES15/06/2009
Já falamos aqui sobre um livro infantil que encantou a nossa geração, falando de paz e respeito à natureza: O Menino do Dedo Verde, um clássico da literatura infantil ecológica.
Outras sugestões para a biblioteca dos pequenos ambientalistas do futuro:
1. A Árvore Generosa, de Shel Silverstein, reeditado recentemente pela CosacNaify.O autor foi ativista pelo desarmamento e pela ecologia na década de 60. O livro é uma fábula sobre a relação de amor entre um menino e uma árvore.
2. Coração de Vidro, de José Mauro de Vasconcelos, Editora Melhoramentos.As histórias de um pássaro, um cavalo, um peixinho e uma árvore se entrelaçam e nos dão uma comovente lição sobre as consequências da intervenção humana na natureza. O autor também escreveu Meu Pé de Laranja Lima.
3. Vaguinho contra o desmatamento, de Vinícius Dônola e Roberta Salomone, Editora Globo.Pura aventura: insetos se unem para salvar uma seringueira no coração da selva Amazônica.
4. 20 Histórias de Bichos do Brasil, de Adriano Messias, Editora Cuca Fresca.Histórias ouvidas na infância do autor ou recuperadas da tradição popular, lembranças de bichos que podem deixar de existir.
5. Cheiro de Terra Molhada, de Luiza Lameirão, Editora João de Barro.Só o título já nos dá uma sensação boa. A autora, que nasceu e cresceu numa fazenda no interior, traduz com poesia e muitas cores suas lembranças de uma infância em comunhão com a natureza.
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QUESTÃO DE PONTO DE VISTA

22/06/2009

SIMPLICIDADE E DOCE SABOR DE INFÂNCIA

Crítica literária de Márcia Feijó publicada no DIÁRIO CATARINENSE em 22 de junho de 2009:
N° 8474

SOPA DE LETRINHAS

Simplicidade e doce sabor de infância

Confesso: sou suspeita. Amo Minas Gerais. Adoro livros sobre recordações de infância. E mais ainda se eles falam daquelas receitas gostosas que só as tias, avós ou mães da gente sabem fazer. Vou logo pensando nas minhas próprias fazedoras de guloseimas. Então, esse comentário sobre a obra Minha Tia Faz Doce no Tacho é tão suspeito quanto eu.O livro de Adriano Messias registra, literalmente, as doces lembranças de sua vida no primeiro volume da série Sabores da Terra. Ele descreve sua trabalhadeira tia Nice, moradora de uma casarão de janelas azuis (típico do interior de Minas) e habilidosa cozinheira. Uma pessoa de bom coração, que faz a alegria da criançada distribuindo suas cocadas, pés-de-moleques e nhá-bentas na praça.O tema é extremamente singelo, e o desenvolvimento do texto também. Sua linguagem é bastante acessível aos leitores iniciantes e bem popular. A utilização de vários termos regionais dão margem, inclusive, à utilização nas aulas de Língua Portuguesa que tratem sobre esse assunto. E no final do livro ainda há duas receitinhas reais, a Goiabada de Tacho Amassadinho e o Doce de Leite de Vaca Mansa.As ilustrações de Tania Ricci são igualmente como doce de tacho. Sem ingredientes refinados, mas com muito sabor, ela retrata precisamente a simplicidade da trama.
Minha Tia Faz Doce no Tacho, de Adriano Messias. Ilustr. Tania Ricci. Sabores da Terra. Cuca Fresca Edições. 24 págs. R$ 25
marcia.feijo@diario.com.br
MÁRCIA FEIJÓ

07/06/2009

METALINGUAGEM: O BLOG DENTRO DO BLOG

Meu trabalho e minhas ideias repercutidos no site da Libre - Liga Brasileira de Editoras:

http://www.libre.org.br/noticias.asp

Ou leia logo abaixo:


Notícias
Ônibus-bilioteca: uma reflexão à luz de Vygotsky- 31/5/2009O escritor Adriano Messias escreveu no seu blog uma reflexão sobre as oficinas oferecidas às crianças no projeto Ônibus-biblioteca, mantido pela prefeitura de São Paulo e apoiado pela Libre. Para ele, as atividades oferecidas nas oficinas são uma oportunidade para pôr em prática as propostas de Lev Vygotsky, que defendem a valorização do meio social e da cultura dos jovens e crianças no processo de educação.
ADRIANO MESSIAS - "Vocação a gente respeita. Desde criança eu sabia que seria escritor."
Escritor, tradutor e jornalista. Trabalho com os pares: inglês, francês, espanhol, português. Meu email pessoal: adrianoescritor@yahoo.com.br Neste blog eu comento meus livros e sugiro livros que li e gostei.
28/02/09

UMA FUNDAMENTAÇÃO PESSOAL PARA AS OFICINAS DO PROJETO ÔNIBUS-BIBLIOTECA
SUJEITO INTERATIVO: NEM PASSIVO, NEM ATIVOAdriano MessiasDentre os pensadores da Educação que mais aprecio está o sócio-interacionista Lev Vygotsky, que ainda merece ser muito estudado. Ele enfatizou a importância do meio social e da base cultural na estruturação da personalidade do educando. Sempre acreditei nisso e já escrevi sobre a intersubjetividade na formação do caráter e na estruturação das relações comunicativas entre as pessoas. Entendo que, no espaço que se constrói entre "um" e "outro" - espaço este sempre em transformação, híbrido e deslizante - serão solidificados os mais importantes valores e as experiências mais notórias da vida.Vygotsky foi um educador que considerou a interação social e a dimensão histórica no desenvolvimento mental do indivíduo. Isso, em nossos dias, não deveria apresentar nenhuma novidade, pois há décadas vários estudiosos se empenham na abordagem social e histórica para a compreensão do ser humano e de suas interações. Mas o trabalho teórico nem sempre se casa com o exercício ou com a aplicação do pensamento na realidade.Pensemos um pouco mais sobre as elaborações de Vygotsky: para ele, a construção do conhecimento é sempre mediada por diversos sujeitos, que agem sobre o que chamamos realidade, para, assim, nela interferirem. Esta experiência social no campo cognitivo originou o que ele chama de "zona de desenvolvimento proximal" - que se relaciona à distância entre o nível de desenvolvimento atual de uma criança para solucionar problemas sem ajuda de alguém com mais experiência, e o nível potencial de desenvolvimento - que é a capacidade de a criança resolver problemas com ajuda de pessoas mais experientes.Aqui entra minha compreensão de oficinas em projetos como o do Ônibus-Biblioteca. Escrevi os parágrafos anteriores para que me faça ser mais bem entendido, pois o educador adulto é alguém que tem de colaborar para que a criança ou o adolescente crie novas atitudes em relação à realidade. Isso se faz por meio, por exemplo, do faz-de-conta, da brincadeira, do desenvolvimento de atitudes voluntárias, de motivações e até mesmo a construção de projetos de vida. Todo indivíduo - e aqui entendamos a criança, em especial - já traz consigo uma bagagem de conhecimento e experiências adquiridas, a qual pode ser entendida como a "zona de desenvolvimento real". Estas experiências podem estar além ou aquém do que se estabelece como ideal para uma certa faixa etária em um certo universo sóciocultural. Por exemplo: um garoto de 10 anos que está no quarto ano do ensino fundamental, mas ainda não domina a técnica da leitura, está aquém do que se espera para um estudante brasileiro da mesma idade. Uma menina de dois anos que ainda não verbaliza nenhuma palavra parece estar aquém do desenvolvimento esperado em sua faixa etária.Aqui surge o conceito da "zona de desenvolvimento proximal": aquela em que há a necessidade de alguém mais experiente para ajudar, orientar, esclarecer o educando. E como esse alguém mais experiente pode contribuir? No brincar - pois é aí que a criança usará seu universo simbólico para construir seu mundo e seus valores. Esse brincar está presente em numerosas atividades: na leitura de um livro, no contato com um texto, na exposição a diversas obras literárias, musicais, plásticas... Brincando, ela aprende, ela reconstrói, ela negocia, ela refaz. Por isso me angustio quando percebo alguém oferecendo a uma criança um livro, uma história, um jogo, um brinquedo sem que o mesmo esteja relacionado a uma visão mais interativa entre os sujeitos.Vygotsky entendia o brincar se transformando em desejo e prazer. Esta é a base para se fazer escolhas conscientes na vida dentro de uma postura ética, lidando com situações que depois irão se relacionar ao pensamento abstrato. Por isso defendo que, mais do que simplesmente brincar para se divertir - e oferecer uma brincadeira por diversão -, temos de entender que uma atividade serve para a construção da personalidade da criança e de sua inserção social e cultural em um mundo multifacetado, com diversas seduções, com caminhos tão antagônicos e díspares. Se não for assim, qualquer atividade com intenção educativa será inválida, será inútil, seja ela uma oficina, uma aula, uma visita a uma exposição.
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13/02/09
PROJETO ÔNIBUS-BIBLIOTECA
"Em vez de esperar em casa pelo seu público,vai em busca do seu público onde ele estiver" (Mário de Andrade, sobre a Biblioteca Circulante - 1936)O projeto dos ônibus-biblioteca é uma parceria da Prefeitura de São Paulo com a Libre - Liga Brasileira de Editoras. São quatro veículos em cor amarela, tendo no vidro interno do fundo a fotografia do primeiro carro a prestar este serviço à cidade. A idéia original foi implantada em 1936 pelo escritor Mário de Andrade, então diretor do Departamento de Cultura da cidade. O projeto foi vencedor do Prêmio Viva Leitura 2008 na categoria Bibliotecas Públicas, Privadas e Comunitárias. O primeiro - Foi a Ford que construiu e doou um modelo de caminhonete-biblioteca que visitava periodicamente vários lugares da cidade, como o Largo da Concórdia, o Jardim da Luz e a Praça da República. O serviço foi interrompido em 1942 pela necessidade de racionamento de combustível na II Guerra Mundial.Em 1979, mediante convênio com o Instituto Nacional do Livro, o serviço foi retomado com uma perua Kombi adaptada.Desde então, apesar de períodos de interrupção do serviço, os ônibus-biblioteca têm circulado pela capital paulista levando um acervo de livros de literatura infantil, juvenil e adulta, obras paradidáticas, de saúde, sexualidade, gibis e revistas.
Postado por MEU TRABALHO às 15:38 0 comentários
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29/05/2009

CURTAS COM TEMÁTICAS DE LENDAS E HISTÓRIAS POPULARES

Tem muito curta de qualidade técnica e excelentes roteiros. Não deixe de ver:

JURO QUE VI: MATINTA PERERA







A MOÇA QUE DANÇOU DEPOIS DE MORTA

VOCÊ TEM PARENTES E AMIGOS ASSIM?


Ah, não resisti. Essa tira de Adão Iturrusgarai saiu na Folha de S. Paulo.

28/05/2009

MAIS LIVROS COM CONTEÚDO IMPRÓPRIO PARA CRIANÇAS FORAM DISTRIBUÍDOS

Publicado em 28/5/2009

Livro para adolescentes é entregue a crianças em SP

A obra, uma coletânea de poesias, tem frases como “Nunca ame ninguém. Estupre”
Volume faz parte do mesmo programa da rede estadual de ensino que teve um livro recolhido por conter palavrão e conotação sexual

FÁBIO TAKAHASHI - FOLHA SP
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo de São Paulo enviou a alunos de terceira série (faixa etária de nove anos) um livro feito para adolescentes, que possui frases como “nunca ame ninguém. Estupre”.A coletânea de poesias faz parte do mesmo programa de melhoria da alfabetização que teve um livro recolhido por conter palavrões e expressões de conotação sexual: “Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol”, também distribuída para a terceira série.A nova obra, “Poesia do Dia -Poetas de Hoje para Leitores de Agora”, foi enviada às escolas há cerca de duas semanas para ser usada como material de apoio. Foram distribuídos 1.333 exemplares.“Não é para crianças de nove anos. São várias ironias, que elas não entendem”, afirmou o escritor Joca Reiners Terron, autor do poema mais criticado por professores da rede, chamado “Manual de Auto-Ajuda para Supervilões”.Alguns dos versos são “Tome drogas, pois é sempre aconselhável ver o panorama do alto”; e “Odeie. Assim, por esporte”.“Espero que o Serra [governador José Serra] não ache o texto um horror, como ele disse do outro livro. Horror é quem escolhe essas obras para crianças”, disse Terron.Em nota, a direção da Abril Educação (responsável pela Ática) afirma que o livro é recomendado para adolescentes de 13 anos, “indicação reforçada na contracapa, na apresentação e no suplemento ao professor”.Após questionamento da Folha, a Secretaria da Educação da gestão José Serra (PSDB) decidiu ontem retirar os livros das salas de aula. Os exemplares, no entanto, permanecerão nas escolas, para consulta de alunos mais velhos.O entendimento é que os assuntos do poema devem ser abordados na escola, mas com supervisão de um especialista.A secretaria não esclareceu como é feita a escolha dos livros. A sindicância aberta para apurar o caso do outro livro ainda não foi concluída.
CríticasProfessor da Faculdade de Educação da USP, Vitor Paro afirma que a escolha do livro para crianças de nove anos “é produto da incompetência e ignorância do governo”.“Por que os livros só foram retirados após o jornalista questionar? A análise não deveria ter sido feita antes?”, diz.A coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Angela Soligo, classifica como “um horror” o poema. “Tem uma ironia que talvez só o adulto entenda. É totalmente desnecessário para uma escola.”“Já é o segundo caso. Os professores ficam inseguros com o material”, disse ela.
Arte do jornal AGORA

19/05/2009

LIVROS COM CONTEÚDO IMPRÓPRIO FORAM DISTRIBUÍDOS PARA CRIANÇAS

LINK: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1159630-5605,00-SP+DISTRIBUI+LIVRO+COM+PALAVROES+PARA+ESCOLAS+ESTADUAIS.html

SP distribui livro com palavrões para escolas estaduais

Material era indicado para alunos da 3ª série.
Secretaria de Educação disse que material já foi recolhido.

Do G1, em São Paulo*

A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo distribuiu a escolas um livro com histórias em quadrinhos com palavrões e conotação sexual. Indicado para alunos de nove anos da terceira série do ensino fundamental, o livro "Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol", com 11 histórias em quadrinhos de vários autores sobre futebol, chamou a atenção de coordenadores pedagógicos.

O material seria usado no programa Ler e Escrever, que reforça a alfabetização de crianças, e os alunos poderiam levar o livro para casa ou usar na própria escola.

A secretaria confirmou a compra dos livros, mas informou que esse foi apenas um dos mais de 800 títulos comprados. Segundo a pasta, foram distribuídos 1.216 exemplares, menos de 1% dos livros colocados à disposição das crianças. Os livros começaram a ser entregues às escolas na semana passada.

O governador José Serra (PSDB) disse que houve "falha" na escolha, pois o material é "inadequado para alunos desta idade", e que já determinou o recolhimento da obra. Disse ainda que foi aberta uma sindicância e os responsáveis serão punidos. Os resultados da sindicândia devem sair em 30 dias.

Esse é o segundo caso de problemas com o material escolar registrado nas escolas estaduais de São Paulo neste ano. Em março, alunos da 6ª série do ensino fundamental receberam livros em que o Paraguai aparecia duas vezes no mapa e a Venezuela foi esquecida.

(*Com informações do SPTV e do Jornal Hoje)

11/05/2009

ANTES DE COLOMBO CHEGAR/ ANTES DE LA LLEGADA DE COLÓN


Este é meu novo livro, com lendas astecas, maias e incas, em português e espanhol. São histórias que tratam da origem do homem, dos alimentos, dos animais, do fogo, das relações políticas, e nos permitem refletir sobre o mundo caótico em que vivemos hoje.
Tem belas ilustrações em um papel reciclado bastante original. Um livro “verde” que, com certeza, agradará crianças e adultos.

06/04/2009

ETIQUETA EVITA GAFES EM E-MAILS


Segue abaixo uma matéria que saiu na Folha de S. Paulo há um bom tempo, mas ainda muito útil. Fico impressionado ao ver tanta gente inteligente, inserida na era da internet, da hipertextualidade, e, ao mesmo tempo, tão mal educada, tão descuidada com os emails. Uma das piores atitudes, em minha opinião, é receber um email e não responder seu interlocutor, principalmente se for alguém conhecido de sua relação de amigos e contatos profissionais.


Etiqueta evita gafes em e-mails

da Folha de S.Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u20612.shtml

Mensagens repletas de palavras abreviadas, anexos gigantescos, e-mails de grupos enviados para as pessoas erradas. Essas são algumas das maiores gafes cometidas pelos internautas quando utilizam e-mails. A autora do livro "Negócios, Negócios, Etiqueta Faz Parte" (R$ 35, www.livrariamelhoramentos.com.br www.livrariamelhoramentos.com.br), Claudia Matarazzo, e a autora da publicação "Netiqueta, Guia de Boas Maneiras na Internet" (R$11, www.novateceditora.com.br), Maria Alice Soares de Castro, dão algumas dicas de comportamento para evitar problemas e saia-justa no envio diário de suas mensagens eletrônicas.

1 - Para um amigo, escreva um e-mail com um texto coloquial. Do mesmo modo que faz quando fala ao telefone, dê uma introdução à mensagem perguntando se a pessoa está bem, por exemplo.

2 - Evite escrever textos muito longos, chatos de ler, ou muito curtos, mensagem que pode ser considerada mal-educada. Seja breve, claro e objetivo nos e-mails.

3 - Nunca esqueça de colocar um assunto na sua mensagem. Para que o e-mail seja lido, ele deve ser um resumo de três ou quatro palavras do conteúdo do texto.

4 - Evite colocar Oi, Olá ou Saudade como assunto do e-mail. Essas mensagens são geralmente deletadas.

5 - Não utilize papéis de parede, imagens e sons pesados. Quando enviar um anexo muito pesado, seja educado e avise o destinatário.

6 - Não demore muito tempo para responder aos e-mails. Dependendo do assunto e da urgência, leve entre três e quatro dias. Você pode enviar uma resposta informando que recebeu a mensagem e que irá respondê-la.

7 - Cuidado ao enviar mensagens para grupos. Tenha certeza de quem pode e de quem não pode ler o conteúdo do e-mail. Uma das gafes mais cometidas é enviar e-mails que não devem ser lidos por todos os integrantes do grupo.

8 - Respeite a hierarquia. Quando enviar e-mails para um grupo de trabalho, a regra é enviar a mensagem para o destinatário, colocando o nome de seu chefe primeiro na cópia e, em seguida, os envolvidos em ordem alfabética.

9 - Não abuse do botão Encaminhar. Além de essas mensagens não serem lidas, elas incomodam as pessoas lotando suas caixas postais.

10 - Escrever em caixa alta faz parecer que você está gritando com o destinatário. Quando quiser ressaltar uma frase ou palavra, escreva entre sinais de asterisco.

11 - Não envie respostas que contenham longos textos anteriores em cascata. Edite a resposta, utilizando o último e-mail do seu contato e cortando as outras mensagens.

12 - Ao responder uma série de perguntas, escreva as respostas ao lado delas, tentando editar a fonte da resposta, mudando sua cor, seu tamanho e o seu formato.

23/03/2009

FAMÍLIA TEM DE SER CARETA

VEJA
Edição 1995
14 de fevereiro de 2007


Ponto de vista: Lya Luft

Família tem de ser careta.

“Quem não estiver disposto a dizer ‘não’ na hora certa e se fizer de vítima dos filhos, que por favor não finja que é mãe ou pai”

Esperando uma reação de espanto ou contrariedade ao título acima, tento explicar: acho, sim, que família deve ser careta, e que isso há de ser um bem incomparável neste mundo tantas vezes fascinante e tantas vezes cruel. Dizendo isso não falo em rigidez, que os deuses nos livrem dela. Nem em pais sacrificiais, que nos encherão de culpa e impedirão que a gente cresça e floresça. Não penso em frieza e omissão, que nos farão órfãos desde sempre, nem em controle doentio – que o destino não nos reserve esse mal dos males. Nem de longe aceito moralismo e preconceito, mesmo (ou sobretudo) disfarçado de religião, qualquer que seja ela, pois isso seria a diversão maior do demônio.

Falo em carinho, não castração. Penso em cuidados, não suspeita. Imagino presença e escuta, camaradagem e delicadeza, sobretudo senso de proteção. Não revirar gavetas, esvaziar bolsos, ler e-mails, escutar no telefone, indignidades legítimas em casos extremos, de drogas ou outras desgraças, mas que em situação normal combinam com velhos internatos, não com família amorosa. Falo em respeito com a criança ou o adolescente, porque são pessoas, em entendimento entre pai e mãe – também depois de uma separação, pois naturalmente pessoas dignas preservam a elegância e não querem se vingar ou continuar controlando o outro através dos filhos.

Ilustração Atomica Studio

Interesse não é fiscalizar ou intrometer-se, bater ou insultar, mas acompanhar, observar, dialogar, saber. Vejo crianças de 10, 11 anos freqüentando festas noturnas com a aquiescência de pais irresponsáveis, ou porque os pais nem ao menos sabem onde elas andam. Vejo adolescentes e pré-adolescentes embriagados fazendo rachas alta noite ou cambaleando pela calçada ao amanhecer, jogando garrafas em carros que passam, insultando transeuntes – onde estão os pais?

Como não saber que sites da internet as crianças e os jovenzinhos freqüentam, com quem saem, onde passam o fim de semana e com quem? Como não saber o que se passa com eles? Sei de meninas, quase crianças, parindo sozinhas no banheiro, e ninguém em casa sabia que estavam grávidas, nem mãe nem pai. Elas simplesmente não existiam, a não ser como eventual motivo de irritação.

Não entendo a maior parte das coisas solitárias e tristes que vicejam onde deveria haver acolhimento, alguma segurança e paz, na família. Talvez tenhamos perdido o bom senso. Não escutamos a voz arcaica que nos faria atender as crias indefesas – e não me digam que crianças de 11 anos ou adolescentes de 15 (a não ser os monstros morais de que falei na crônica anterior) dispensam pai e mãe. Também não me digam que não têm tempo para a família porque trabalham demais para sustentá-la. Andamos aflitos e confusos por teorias insensatas, trabalhando além do necessário, mas dizendo que é para dar melhor nível de vida aos meninos. Com essa desculpa não os preparamos para este mundo difícil. Se acham que filho é tormento e chateação, mais uma carga do que uma felicidade, não deviam ter tido família. Pois quem tem filho é, sim, gravemente responsável. Paternidade é função para a qual não há férias, 13º, aposentadoria. Não é cargo para um fiscal tirano nem para um amiguinho a mais: é para ser pai, é para ser mãe.

É preciso ser amorosamente atento, amorosamente envolvido, amorosamente interessado. Difícil, muito difícil, pois os tempos trabalham contra isso. Mas quem não estiver disposto, quem não conseguir dizer “não” na hora certa e procurar se informar para saber quando é a hora certa, quem se fizer de vítima dos filhos, quem se sentir sacrificado, aturdido, incomodado, que por favor não finja que é mãe ou pai. Descarte esse papel de uma vez, encare a educação como função da escola, diga que hoje é todo mundo desse jeito, que não existe mais amor nem autoridade… e deixe os filhos entregues à própria sorte.

Pois, se você se sentir assim, já não terá mais família nem filhos nem aconchego num lugar para onde você e eles gostem de voltar, onde gostem de estar. Você vive uma ilusão de família. Fundou um círculo infernal onde se alimentam rancores e reina o desamparo, onde todos se evitam, não se compreendem, muito menos se respeitam.

Por tudo isso e muito mais, à família moderninha, com filhos nas mãos de uma gatinha vagamente idiotizada e um gatão irresponsável, eu prefiro a família dita careta: em que existe alguma ordem, responsabilidade, autoridade, mas também carinho e compreensão, bom humor, sentimento de pertença, nunca sujeição.

É bom começar a tentar, ou parar de brincar de casinha: a vida é dura e os meninos não pediram para nascer.

Lya Luft é escritora

página:http://veja.abril.com.br/140207/ponto_de_vista.shtml

18/03/2009

GOVERNO DE SP MANDA RECOLHER 500 MIL LIVROS DE GEOGRAFIA

Folha Online/Folha Ribeirão | 17.3.2009 | 10h32
A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo determinou o recolhimento dos 500 mil livros de geografia com erros distribuídos para alunos da sexta série do ensino fundamental. No livro, que leva o nome de "Caderno do Aluno", o Paraguai aparece duas vezes no mapa da América do Sul e a localização do Uruguai está invertida com o Paraguai. O erro se repete também no livro do professor. Outra incorreção é a não-inclusão do Equador no mapa "Fronteiras Permeáveis". Sem isso, o aluno não tem informação para responder à seguinte questão, na página ao lado do livro: "Quais são os países sul-americanos que não fazem fronteira com o Brasil?"

A pasta do governo de José Serra (PSDB) determinou que a Fundação Vanzolini, responsável pela edição do material didático, faça a troca dos livros com erros. A fundação irá arcar com todos os gastos desta troca, incluindo impressão e distribuição.

O material começou a ser distribuído na rede, mas não há informação se já chegou a a todas as escolas do Estado. De acordo com a secretaria, o "Caderno do Aluno" é um material complementar que não substitui o material didático. Ele é utilizado em conjunto com os materiais destinados aos professores.

A correção foi disponibilizada na semana passada para os professores estaduais no site da secretaria ou também no www.saopaulofazescola.sp.gov.br. Estudantes e professores foram informados da correção nas páginas do governo na semana passada.

Erros

Um professor de São José do Rio Preto disse que identificou a falha no mapa em sala de aula. O erro foi motivo de piada entre os alunos. Segundo ele, há erros em quase todos os cadernos, mas, geralmente, são de grafia, não de informação. Cingapura, por exemplo, foi grafado com "s". Mas o erro do mapa, diz, "é gravíssimo".

"Um horror e um erro gravíssimo", concorda Sonia Castellar, professora de metodologia do ensino em geografia do curso de pedagogia da USP (Universidade de São Paulo).

"Esse material do Estado não está passando por avaliação rigorosa", disse.

Um outro docente de geografia, de Franca, disse já ter notado erros em outras apostilas. Segundo ele, é comum haver exercícios no caderno do aluno que não se repetem no livro-manual do professor, e vice-versa, além de exercícios sem resposta no livro do docente. Uma coordenadora pedagógica de uma escola estadual de Ribeirão Preto (interior do Estado) disse que o governo estadual orienta as escolas a periodicamente observar no site as erratas dos cadernos.

Ela diz que, além do mapa, detectou no site erratas no caderno do aluno de outras séries nas disciplinas de arte, história, geografia, inglês e matemática. No entanto, ela não quis mostrar à Folha esses outros erros.

A Fundação Vanzolini diz que o material é desenvolvido por professores indicados pela secretaria e que cumprirá a determinação do órgão, de recolher os livros com erros.



Livros de geografia trocam países de lugar
Globo - Bom Dia, Brasil

Um mapa da América do Sul, distribuído para alunos da sexta série da rede pública de São Paulo, tem equívocos absurdos. São países trocados e localizações geográficas inexistentes.

A educação no Brasil anda mal. O país está classificado entre os que menos se preparam em matemática e ciências, por exemplo. Não é para menos: os professores ganham pouco e são mal preparados. Mas o que não se podia supor é que os livros contenham erros graves. Mudam até a geografia. São países trocados e nomes errados. Esses livros estão nas mãos de milhares de crianças e não serão recolhidos.

Milhares de estudantes da sexta série da rede pública estadual de São Paulo vão continuar usando um material que deveria ser didático. Muitos outros podem ser afetados, porque esses livros acabam em bibliotecas e são consultados por outras pessoas. Para alunos, pais e professores, trata-se de um absurdo. Para a secretaria de educação, foi um erro menor.

Bolívia e Paraguai são um país só? Existem dois Paraguais? Outro Paraguai aparece embaixo do Rio Grande do Sul, banhado pelo mar, como ele nunca foi. A geografia, às vezes, não tem limites. Assim é a América do Sul para o aluno de sexta série da rede pública estadual de São Paulo. Um mapa está impresso em um livro distribuído pela Secretaria da Educação como material de apoio.

“Parece que não houve revisão do material. Apesar de a gente tentar minimizar, como é que você inverte o Paraguai com o Uruguai colocando o nome do Paraguai dentro da Bolívia? Você acaba criando uma confusão, sobretudo, no aluno que está em processo de formação”, disse o professor de geografia Alexandre Zanin.

“Está faltando um país também. É difícil”, comentou o estudante João Gabriel Anchieta.

“Ninguém descobriu isso. Acho que é uma coisa de responsabilidade não só pelos alunos e para eles que estão vendo que está errado e não corrigem. Ele tem que aprender o certo, e não o errado”, reclamou a avó do estudante, Filomena Cabral Moreno.

“Ele atinge um público impensável. Mesmo aquele livro que está destinado a um aluno de sexta serie pode ficar depois numa biblioteca, ele pode atender a pesquisa de menino da quinta serie. Uma dona-de-casa pode ter uma informação. Multiplica-se esse erro, que parece pequeno, pelo número de alunos que vão usar esse livro hoje e tantos que possam ter acesso a esse livro durante anos seguidos. Um livro didático não pode ser um jogo de sete erros ou um complexo de pegadinhas”, observou a especialista em educação Silvia Gasparian Colello.

A equipe de reportagem do Bom Dia Brasil produção pediu uma entrevista à Secretaria Estadual de Educação, que preferiu enviar uma nota em que diz que os livros não serão recolhidos, porque os professores foram informados dos erros e devem avisar seus alunos. Ainda segundo a nota, esses erros ocorreram devido a falhas da Fundação Vanzolini, que fez os mapas e o projeto gráfico da cartilha.

A Fundação Vanzolini, também em nota, disse que a versão correta do mapa foi colocada na página da internet, que serve de comunicação entre os professores da rede estadual. Difícil é convencer pais e alunos dessa explicação.



Livro de geografia da rede estadual de SP tem dois Paraguais
Folha de São Paulo - Juliana Coissi

Um livro de geografia distribuído pelo governo paulista aos alunos da sexta série do ensino fundamental traz duas vezes o Paraguai no mapa da América do Sul e ainda inverte a localização do Uruguai e Paraguai. O erro repete-se também no livro do professor. Outra incorreção é a não-inclusão do Equador no mapa "Fronteiras Permeáveis". Sem isso, o aluno não tem informação para responder à seguinte questão, na página ao lado: "Quais são os países sul-americanos que não fazem fronteira com o Brasil?"

A Secretaria da Educação da gestão José Serra (PSDB) diz, em nota, que o erro é de responsabilidade da empresa que produziu o material e que as escolas já foram alertadas sobre a falha por meio do site. A Fundação Vanzolini, responsável pela edição, disse que o material foi produzido por professores indicados pela secretaria.

O material começou a ser distribuído na rede, mas não há informação se já chegou a a todas as escolas do Estado. A empresa diz que 1,55% dos livros distribuídos têm erros, mas a Folha localizou o problema em várias cidades.

Um professor de São José do Rio Preto disse que identificou a falha no mapa em sala de aula. O erro foi motivo de piada entre os alunos. Segundo ele, há erros em quase todos os cadernos, mas, geralmente, são de grafia, não de informação. Cingapura, por exemplo, foi grafado com "s". Mas o erro do mapa, diz, "é gravíssimo".

"Um horror e um erro gravíssimo", concorda Sonia Castellar, professora de metodologia do ensino em geografia do curso de pedagogia da USP (Universidade de São Paulo).

"Esse material do Estado não está passando por avaliação rigorosa", disse.

Um outro docente de geografia, de Franca, disse já ter notado erros em outras apostilas. Segundo ele, é comum haver exercícios no caderno do aluno que não se repetem no livro-manual do professor, e vice-versa, além de exercícios sem resposta no livro do docente.

Alertado pela Folha ontem, um professor de Ribeirão Preto questionou a direção de sua escola no início da tarde sobre o erro. No final do dia, recebeu por e-mail um aviso de que precisaria alterar o material.

Uma coordenadora pedagógica de uma escola estadual de Ribeirão Preto (interior do Estado) disse que o governo estadual orienta as escolas a periodicamente observar no site as erratas dos cadernos.

Ela diz que, além do mapa, detectou no site erratas no caderno do aluno de outras séries nas disciplinas de arte, história, geografia, inglês e matemática. Mas ela não quis mostrar à Folha esses outros erros.

Outro lado

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação afirmou que já havia identificado os erros apontados no caderno e que já informou os professores de toda a rede, pelo site www.educacao.sp.gov.br. Mas a errata só pode ser consultada pela direção da escola, por meio de senha.

A secretaria disse que a falha partiu da Fundação Vanzolini, "que elaborou os mapas e o projeto gráfico". Diz ainda que o material não será trocado e que a orientação é que os professores informem seus alunos sobre a correção.

Sobre erratas em outras disciplinas, disse que o erro mais grave foi o do mapa e que o restante se restringe a erros de grafia ou gabarito. A secretaria não respondeu a outras perguntas, como o total de cadernos impressos.

A Fundação Vanzolini alega que o erro atingiu 1,55% dos cadernos e que todo o conteúdo do material é desenvolvido por professores indicados pela secretaria.

08/03/2009

DA VIOLÊNCIA NOS DESENHOS ANIMADOS E DA DIFICULDADE DE SE ESCREVER PARA CRIANÇA

Existe um episódio de "Os Simpsons" em que Marjorie toma a frente de uma discussão sobre a violência nos desenhos animados e sua influência no comportamento das crianças. Tudo começou quando o bebê da família mete uma marreta na cabeça de Homer. Quando a mãe se questionou de onde a criança teria aprendido aquele ato de violência, percebeu que a fonte estava em sua própria casa: o desenho que seus filhos assistiam chamado "Comichão e Coçadinha".

Para quem não tem muita intimidade com Os Simpsons, vou resumir: dentro do desenho existe um desenho animado que as crianças de Springfield assistem. Trata-se de um gato e um rato que criam mirabolantes recursos para se destruírem. As gags são breves, violentas e as histórias sem enredo. É uma sátira nefasta sobre boa parte dos desenhos veiculados nas televisões do mundo.

No episódio em questão, Marjorie se posiciona contra a violência dos desenhos que seus filhos assistiam e resolve ir à mídia denunciar e reclamar. Os produtores de "Comichão e Coçadinha" se veem, em certo momento, obrigados a mudarem os enredos. Os próximos desenhos têm nível zero de violência mas, por outro lado, tornam-se absolutamente enfadonhos, piegas e desmotivadores. Com isso, as crianças saem de frente da televisão e voltam-se para os brinquedos de rua e as atividades com seus pares.

Este episódio de "Os Simpsons" termina quando um novo acontecimento surge na cidade: a estátua "Davi", de Michelangelo, será levada a Springfield como parte de uma turnê pelos EUA, mas acaba sendo censurada e lhe vestem uma calça jeans por se tratar de um nu frontal.

No episódio, o que me chamou a atenção, além da problemática do conservadorismo cego dos adultos e da total liberdade que davam às crianças para verem programas violentos, foi uma outra relação. Vamos lá: sim, deve-se retirar os elementos de violência dos programas infantis, dos livros, da vida real. (Existe, claro, uma "violência simbólica" da qual todos tomamos conhecimento desde crianças. É aquela que faz parte dos contos de fadas, por exemplo, e supre a necessidade de a criança entrar em contato "real" com estes elementos. Lembre-se da música "Atirei o pau no gato" e perceberá que nunca viu nenhuma criança que deu uma paulada em um bichano por conta da cantiga; gostaria de comentar essa questão em outro texto). Mas o que me deixou pensativo a partir deste desenho de "Os Simpsons" foi: retiram a violência dos desenhos, mas não colocam um programa de qualidade no lugar. Não houve uma modificação significativa, deixando, na lacuna do tédio, o reforço de que só a violência daria conta de segurar as crianças em frente à televisão, só a violência lhes ofereceria entrenimento e riso.

Não sei se você, leitor, já se deparou com esta situação absolutamente oposta: por um lado, encontramos em nossas TVs programas violentos, sem qualidade de conteúdo e de forma. Por outro, vemos programas desprovidos de motivação ao espectador infantil, falando em uma linguagem moralizadora, doutrinante, infantilóide e didática à criança. Esta, por sua vez, até pode "fingir" estar gostando - muitas vezes para agradar o adulto - mas não aproveita nada do que se pretendeu "ensinar" a ela.

Estas minhas divagações são para mostrar que não é fácil produzir histórias para crianças. Pensar como adulto na hora de escrever, levando junto nossos conceitos e preconceitos, não é o suficiente, não ajuda, não produz. Um texto, um programa de TV, uma música para o público infantil têm de levar em consideração que a criança é um ser com alegrias e angústias, imersa em um mundo confuso e em transformação continuada, influenciada por ele e, de certa forma, influenciadora no mesmo. A época da "criança feliz, feliz a cantar" ficou para trás. A criança de hoje tem a graça da infância - que infelizmente se perde cada vez mais rapidamente -, mas não mais a ingenuidade dos tempos em que não havia internet, TV, rádio... E então?

02/03/2009

CRÔNICA TRISTE

Uma menina de uns dez anos chegou ao auxiliar de bibliotecário e disse:
- Não vou mais pegar livros. O que faço com minha carteirinha?
Eu não resisti em lhe perguntar:
- Não vai pegar livro hoje?
E ela:
- Não, não vou pegar nunca mais.
- Mas por quê? - insisti.
Insisti muitas e muitas vezes, ao ponto de a menina - emergindo de profunda timidez - me dizer num fôlego só:
- Porque minha mãe quer que eu fique ajudando ela a arrumar a casa...

01/03/2009

MINHA ENTREVISTA NA RÁDIO DO INSTITUTO BRASIL LEITOR


Entrevista concedida na Bienal do Livro 2008, em São Paulo, em que falei sobre a importância da leitura em minha vida.

28/02/2009

UMA FUNDAMENTAÇÃO PESSOAL PARA AS OFICINAS DO PROJETO ÔNIBUS-BIBLIOTECA


SUJEITO INTERATIVO: NEM PASSIVO, NEM ATIVO


Adriano Messias

Dentre os pensadores da Educação que mais aprecio está o sócio-interacionista Lev Vygotsky, que ainda merece ser muito estudado. Ele enfatizou a importância do meio social e da base cultural na estruturação da personalidade do educando. Sempre acreditei nisso e já escrevi sobre a intersubjetividade na formação do caráter e na estruturação das relações comunicativas entre as pessoas. Entendo que, no espaço que se constrói entre “um” e “outro” – espaço este sempre em transformação, híbrido e deslizante – serão solidificados os mais importantes valores e as experiências mais notórias da vida.

Vygotsky foi um educador que considerou a interação social e a dimensão histórica no desenvolvimento mental do indivíduo. Isso, em nossos dias, não deveria apresentar nenhuma novidade, pois há décadas vários estudiosos se empenham na abordagem social e histórica para a compreensão do ser humano e de suas interações. Mas o trabalho teórico nem sempre se casa com o exercício ou com a aplicação do pensamento na realidade.

Pensemos um pouco mais sobre as elaborações de Vygotsky: para ele, a construção do conhecimento é sempre mediada por diversos sujeitos, que agem sobre o que chamamos realidade, para, assim, nela interferirem. Esta experiência social no campo cognitivo originou o que ele chama de “zona de desenvolvimento proximal” – que se relaciona à distância entre o nível de desenvolvimento atual de uma criança para solucionar problemas sem ajuda de alguém com mais experiência, e o nível potencial de desenvolvimento – que é a capacidade de a criança resolver problemas com ajuda de pessoas mais experientes.

Aqui entra minha compreensão de oficinas em projetos como o do Ônibus-Biblioteca. Escrevi os parágrafos anteriores para que me faça ser mais bem entendido, pois o educador adulto é alguém que tem de colaborar para que a criança ou o adolescente crie novas atitudes em relação à realidade. Isso se faz por meio, por exemplo, do faz-de-conta, da brincadeira, do desenvolvimento de atitudes voluntárias, de motivações e até mesmo a construção de projetos de vida. Todo indivíduo – e aqui entendamos a criança, em especial – já traz consigo uma bagagem de conhecimento e experiências adquiridas, a qual pode ser entendida como a “zona de desenvolvimento real”. Estas experiências podem estar além ou aquém do que se estabelece como ideal para uma certa faixa etária em um certo universo sóciocultural. Por exemplo: um garoto de 10 anos que está no quarto ano do ensino fundamental, mas ainda não domina a técnica da leitura, está aquém do que se espera para um estudante brasileiro da mesma idade. Uma menina de dois anos que ainda não verbaliza nenhuma palavra parece estar aquém do desenvolvimento esperado em sua faixa etária.

Aqui surge o conceito da “zona de desenvolvimento proximal”: aquela em que há a necessidade de alguém mais experiente para ajudar, orientar, esclarecer o educando. E como esse alguém mais experiente pode contribuir? No brincar – pois é aí que a criança usará seu universo simbólico para construir seu mundo e seus valores. Esse brincar está presente em numerosas atividades: na leitura de um livro, no contato com um texto, na exposição a diversas obras literárias, musicais, plásticas... Brincando, ela aprende, ela reconstrói, ela negocia, ela refaz. Por isso me angustio quando percebo alguém oferecendo a uma criança um livro, uma história, um jogo, um brinquedo sem que o mesmo esteja relacionado a uma visão mais interativa entre os sujeitos.
Vygotsky entendia o brincar se transformando em desejo e prazer. Esta é a base para se fazer escolhas conscientes na vida dentro de uma postura ética, lidando com situações que depois irão se relacionar ao pensamento abstrato. Por isso defendo que, mais do que simplesmente brincar para se divertir – e oferecer uma brincadeira por diversão -, temos de entender que uma atividade serve para a construção da personalidade da criança e de sua inserção social e cultural em um mundo multifacetado, com diversas seduções, com caminhos tão antagônicos e díspares. Se não for assim, qualquer atividade com intenção educativa será inválida, será inútil, seja ela uma oficina, uma aula, uma visita a uma exposição.

13/02/2009

PROJETO ÔNIBUS-BIBLIOTECA



"Em vez de esperar em casa pelo seu público,
vai em busca do seu público onde ele estiver" (Mário de Andrade, sobre a Biblioteca Circulante - 1936)


O projeto dos ônibus-biblioteca é uma parceria da Prefeitura de São Paulo com a Libre – Liga Brasileira de Editoras. São quatro veículos em cor amarela, tendo no vidro interno do fundo a fotografia do primeiro carro a prestar este serviço à cidade. A idéia original foi implantada em 1936 pelo escritor Mário de Andrade, então diretor do Departamento de Cultura da cidade. O projeto foi vencedor do Prêmio Viva Leitura 2008 na categoria Bibliotecas Públicas, Privadas e Comunitárias.

O primeiro - Foi a Ford que construiu e doou um modelo de caminhonete-biblioteca que visitava periodicamente vários lugares da cidade, como o Largo da Concórdia, o Jardim da Luz e a Praça da República. O serviço foi interrompido em 1942 pela necessidade de racionamento de combustível na II Guerra Mundial.

Em 1979, mediante convênio com o Instituto Nacional do Livro, o serviço foi retomado com uma perua Kombi adaptada.

Desde então, apesar de períodos de interrupção do serviço, os ônibus-biblioteca têm circulado pela capital paulista levando um acervo de livros de literatura infantil, juvenil e adulta, obras paradidáticas, de saúde, sexualidade, gibis e revistas.