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06/06/2010

PODE UM LIVRO TER TRAILER?


Adriano Messias

Sim, claro, se considerarmos o livro um produto midiático, fruto das interações entre as mídias plurais e a literatura – outro suporte às mídias visuais. Daí, o trailer será apenas mais um recurso de divulgação de uma obra escrita e impressa. Agora, o caminho se faz inversamente – o que é bom. A literatura sempre se emprestou ao cinema e às artes visuais, mas pouco usufruiu destas – em parte, por pura timidez, ou por completo comodismo. (Hoje, encontramos muitos escritores sintonizados com as novíssimas tecnologias e abertos a experimentações.)
Por enquanto, são modestos – e escassos – os book trailers, confesso. Mais se parecem com depoimentos, às vezes docudramas, em que um autor fala sobre uma obra. Os poucos minutos de duração são intercalados com imagens alusivas ao livro. Pessoalmente, não gosto deste modelo, pois ele se aproxima da reportagem telejornalística de fundo cultural. Fica parecendo que alguém “recortou” uma matéria de um jornal de TV para denominá-la book trailer.
Penso que o book trailer será bem-vindo se tomar o caminho da inventividade ficcional. Se o autor participar de seu roteiro e se tiver a participação de uma pequena equipe técnica, sintonizada com uma linguagem que seja mais independente da jornalística, o book trailer pode se tornar uma tag more sobre um livro – e algo mais: pode ser algo que instigue seus “expectadores” a lerem mais.
Outra pergunta: o book trailer também pode funcionar como teaser? Esta foi uma de minhas indagações ao pensar sobre o assunto: afinal, o trailer de um livro não precisa ser um resumo do mesmo, nem uma sobreposição de cenas, como se faz com o tratamento ao enredo de um filme, que costuma buscar o desenvolvimento de um despertar lógico-visual na mente do expectador. Talvez o caminho seja outro, aquele que leve à descoberta de uma submídia que realmente vingue, adotando recursos técnicos e uma linguagem própria. Não é querer muito: volte no tempo algumas décadas e verá que muita gente não entendia os videoclips, nem botava fé neles. Devido a este pensamento de algo que perpasse ou mesmo contorne a (muitas vezes presente) linearidade de um enredo, pensei em uma função “teaser” para o book trailer: algo que “provoca”, muito mais do que “algo que conte”.
No marketing, os teasers acompanham campanhas publicitárias e instigam a curiosidade dos sujeitos. O book trailer não deveria fazer o mesmo, em vez de apresentar apenas um resuminho de tudo? Todo teaser é parte de um mix informacional sobre um determinado produto (confesso que não gosto muito dessa linguagem, mas resolvi ir direto ao ponto neste breve artigo). Assim, ele pode ser também mais um ingrediente a favor da divulgação de um livro e, desta maneira, o book trailer implicaria também uma função de teaser ao abordar o livro. Sempre instigaria (ou pelo menos deveria). Sempre seduziria.
Espero que os book trailers frutifiquem, mas sem pieguices televisivas. É pra inventar, pessoal.

Uma curiosidade: os book trailers são recentes; começaram a ser criados em 2002, mas o termo só pegou em 2005 (no exterior, pois, no Brasil a expressão ainda nem pegou para ser sincero; muita gente não sabe do que se trata). Um bom filão para os book trailers pode ser o dos jovens leitores indisciplinados (ou mesmo os inexistentes e rebeldes leitores) de nosso tempo, que só se afinizam com as mídias digitais.
E aí, vamos fazer um book trailer?

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