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12/04/2012

ESTAMOS NO IMENSO DESERTO DO REAL...

Hoje, retrocedemos um pouco mais em direção à Baixa Idade Média.
Naquela época, todo corpo disforme era corpo demonizado.
Posteriormente, o corpo disforme tornava-se (mais um) exemplar para os gabinetes de curiosidades de uma confusa ciência.
Prevaleceu, hoje, o chamado corpo corrompido - corpo teratológico -, e não o corpo cultural.
Não se considerou o pensamento humanista.
A tradição das ciências humanas foi ignorada, como se o discurso nada significasse.
O ser humano - precedido, perpassado e ultrapassado pelo discurso - foi desconsiderado.
Nenhum filósofo apareceu. Senti falta (como sempre) dos psicanalistas.
Imensa é a crise antropológica que nos arrebata.
Já não se sabe mais o que pode e o que é um ser humano.

                                         Cena de aborto na Idade Média


Foi aprovada hoje a legalização de abortos de anencéfalos. Reproduzo aqui as palavras do presidente do STF, o ministro Cesar Peluzo, que votou contra a interrupção deste tipo de gestação: "Ser humano é sujeito de direito. E é sujeito de direito por outra boa razão curta, mas decisiva, consistente em que, embora não tenha personalidade civil, o nascituro é - anencéfalo ou não - investido pelo ordenamento... de resguardo de seus direitos".

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