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05/03/2010

SOLTANDO O LOBISOMEM... e... UM POUCO MAIS DE JUNG

Soltando o lobisomem...

Ontem, na oficina do ônibus-biblioteca, entramos no mundo sombrio (e também engraçado) dos lobisomens e de outras assombrações a partir do volume 1 de minha série "Contos Para Não Dormir", pela Biruta. O livro se chama "Histórias mal-assombradas em volta do fogão de lenha" e sempre atraiu muito a garotada. Nele, André, um garoto de cidade grande que passa férias em um sítio, conversa com seu avô - durante uma noite fria - sobre as mais diversas assombrações.
A leitura foi coletiva. O livro foi manuseado, folheado, decodificado. As imagens chamaram a atenção. E houve trechos preferidos, que despertaram aquela deliciosa curiosidade que envolve e acalenta a leitura prazerosa.
Do trabalho com o objeto-livro, como um todo, passamos a conversar sobre os personagens, sobre sua construção e particularidades.
(As atividades têm sido frutíferas: há crianças que já estão escrevendo seus livros em casa.)
Do personagem, pulamos à persona: a máscara. Caminho inverso. Busca original: de onde tudo vem. Bendita a Hélade que nos deu tanto!
A possibilidade de se criar máscaras semelhantes aos monstrengos e sair por aí colocando pra fora as nossas "brabezas" de forma inofensiva é muito saudável mesmo. Todo bom psicólogo recomenda.
Principalmente quando se estuda em uma escola em que a professora, quando não tem criatividade suficiente para inventar uma lição de casa, decreta uma sentença de morte: escrever os números, letrinha por letrinha, de zero a dois mil, em infinita lista (foi o que o garoto da foto me contou). Gostaria de saber se ela ao menos se dá ao trabalho de corrigir tamanho disparate (sem aquela de simplesmente dar um visto borrado no canto do caderno e pronto). Ou se é pura tortura mesmo, daquelas que deixam calos no canto do dedo.
Não tem quem não queira virar lobisomem, concorda?

***

Um pouco mais de Jung...

O fenômeno ao qual Jung chamou de persona é de natureza coletiva. Usar uma persona nos facilita as relações com o estranho mundo social que nos rodeia e nos orienta quanto à decisão de qual papel assumir a cada momento. Assim, cabe a um atendente utilizar (mas nem sempre o faz) a máscara da cortesia e da disponibilidade, enquanto cabe a um representante da lei empregar a máscara da seriedade e da autoridade. Vemos, assim, que essa coisa de máscara não é de todo ruim, pelo contrário. Se não usássemos máscara alguma, o mundo seria um pandemônio maior do que já é em rudezas e violências de toda ordem.
Mas há pessoas que se descuidam das “máscaras” (plural, pois as que usamos são muitas) e se tornam infelizes em suas relações humanas: são aquelas que dizem o que pensam, quando querem, onde querem, para quem querem. Nada lhes parece mais genuíno, nenhuma necessidade lhes soa mais premente do que aquela de colocar para fora os desaforos que lhes vão dentro.
No teatro grego, persona era a máscara teatral, que escondia quem realmente estava agindo. O objetivo, além da melhor representação do personagem, era amplificar a voz aos ouvintes nas grandes arenas (personare = soar através de). Daí advém o termo “personalidade”, que é uma construção psíquica, também uma espécie de máscara – ou um coletivo desta –, parte de nossa pessoa. E aprendemos que é cuidadoso não julgar alguém pela personalidade, pois há quem só utilize máscaras rígidas, pesadas, inconvenientes, mas pode ocultar – e certamente oculta - uma leveza reprimida.
Poderíamos pular para um outro conceito do bom Jung, o de “sombra” – um dos mais interessantes, mas vou ficar hoje pelas beiras da persona. Está de boníssimo tamanho.

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